Miami Vice

O filme mais mal-interpretado de 2006
O IMDB, o maior website sobre cinema fez, como todo ano, uma votação dos usuários para avaliar os melhores filmes de 2006. Respondi a votação. Chegou o momento “Filme do ano”, não pestanejei: Miami Vice, obra-prima do Michael Mann. Voto encaminhado, decido olhar os resultados parciais; eis que encontro o filme que votei como o melhor do ano muito bem cotado como um dos piores do ano!Diziam que o cineasta Michael Mann era à prova de críticos. Nenhum filme seu desde, sei lá, o primeiro do Hannibal, Manhunt (1986), recebia críticas negativas. Miami Vice, meses antes de lançado, foi mal visto pela crítica. Admito que também estava receoso: o trailer tinha Linkin Park de trilha, os cartazes indicavam um filme ruim de ação... me perguntava, “no que o Michael Mann se meteu?”.
Nos primeiros minutos de Miami Vice meus medos se dissiparam; Linkin Park é quase satirizado, tocando em um bar fodido cheio de gângsteres vestidos de forma ridícula. O filme, como o último do Mann (Colateral) foi filmado em DV, Digital Vídeo, que garante uma imagem, digamos, “de menor qualidade” (aspas grandes aí), o que dá um teor urgente e realista à obra; parte da filmagem é handheld, acentuando o estilo documental e apressado. E lá surgem os protagonistas, Foxx e Farrell, o último portando um ridículo bigode. Detratores acusam o filme de desrespeitar o seriado original. Pois eu digo, graças ao meu bom Deus, desrespeitaram! Nada de ternos cor-de-rosa! Já basta o bigode!
Todo o início do filme é nervoso, marca registrada de Mann, culminando na primeira cena antológica, o suicídio do cara que interpretou o sapateiro do “Eu, Você e Todos Nós”. A cena merece um estudo cuidadoso: o plano dos faróis de carro, o caminhão vindo, os olhos assustados da personagem, e então, o caminhão passa e vemos o rastro de sangue na pista. É um clichê (às vezes questionável) dizer que o não-mostrado é mais impactante. Pois é exatamente isso que ocorre. A cena é visceral, e o espectador sequer assiste ao suicídio em si.
Após o início turbulento, chega a ruptura estrutural proposta pelo filme. É um filme de ação sem ação. Ele mergulha nos seus personagens, na construção lenta da trama, sem colocar uma cena de perseguição a cada 20 minutos, como em um filme do Michael Bay (“A Ilha” é um exemplo fácil). Cedo ou tarde o espectador passa a se questionar se entrou no filme correto. A ação no início foi um falso prelúdio e só retornará no final do longo filme de 2 horas e 20. Até lá, aquele espectador que utiliza SEUS OLHOS no cinema (e acredite em mim, são poucas as pessoas afetados pela estética no cinema) será brindado com maravilhosos planos e tomadas.
Destaco, como a melhor cena do centro do filme, a segunda cena de sexo, que ocorre entre o Colin Farrell e a Gong Li. Michael Mann demonstra uma certa obsessão por mãos (sim, isso merece um itálico) e por focar os olhos lacrimejantes da Gong Li. Puta que pariu, com um casal portadores de corpos que muitos gostariam de ver, o diretor prefere focar mãos e olhos chorosos? Mas esse Michael Mann tem um colhões do tamanho de um boi, vou te contar.
Chega de falar de cenas específicas, embora o plano final mereça parágrafos e parágrafos, assim como a aguardada cena de ação, e o momento que toca Auto Rock do Mogwai. O que importa é o seguinte: Michael Mann é o diretor comercial mais artístico do mundo, mais até que o Spielberg. Seus filmes são repletos de simbolismos visuais, como o uso do AZUL no Fogo Contra Fogo, e Miami Vice não é exceção. O esplendor do céu de Miami, roxo, escuro e cheio de relâmpagos e trovoadas já faz o filme valer a pena. O talento visual de Michael Mann beira o ofensivo. Seus filmes são feitos para ver ajoelhado, tal qual as obras-primas dos italianos Sergio Leone e Dario Argento. É isso; Michael Mann deve ter parentesco italiano. Ele é um homem que pensa em imagens, não em palavras. O resultado é catártico para qualquer cinéfilo que USE OS OLHOS (isso exclui boa parte da crítica brasileira), e entediante para pessoas que vão ao cinema querendo aprender alguma lição de vida. Não há lição. É cinema de autor, sem restrições. Mann é o Godard dos americanos. OK, o Brian de Palma também é. E quer saber? Sou mais dos americanos.
Assisti ao filme no cinema. Não sei se o impacto será reproduzido com fidelidade na telinha pequena. Tanto faz. Alugue o DVD. Especialmente se for Widescreen. Miami Vice não merece ser ignorado.
Destaco, como a melhor cena do centro do filme, a segunda cena de sexo, que ocorre entre o Colin Farrell e a Gong Li. Michael Mann demonstra uma certa obsessão por mãos (sim, isso merece um itálico) e por focar os olhos lacrimejantes da Gong Li. Puta que pariu, com um casal portadores de corpos que muitos gostariam de ver, o diretor prefere focar mãos e olhos chorosos? Mas esse Michael Mann tem um colhões do tamanho de um boi, vou te contar.
Chega de falar de cenas específicas, embora o plano final mereça parágrafos e parágrafos, assim como a aguardada cena de ação, e o momento que toca Auto Rock do Mogwai. O que importa é o seguinte: Michael Mann é o diretor comercial mais artístico do mundo, mais até que o Spielberg. Seus filmes são repletos de simbolismos visuais, como o uso do AZUL no Fogo Contra Fogo, e Miami Vice não é exceção. O esplendor do céu de Miami, roxo, escuro e cheio de relâmpagos e trovoadas já faz o filme valer a pena. O talento visual de Michael Mann beira o ofensivo. Seus filmes são feitos para ver ajoelhado, tal qual as obras-primas dos italianos Sergio Leone e Dario Argento. É isso; Michael Mann deve ter parentesco italiano. Ele é um homem que pensa em imagens, não em palavras. O resultado é catártico para qualquer cinéfilo que USE OS OLHOS (isso exclui boa parte da crítica brasileira), e entediante para pessoas que vão ao cinema querendo aprender alguma lição de vida. Não há lição. É cinema de autor, sem restrições. Mann é o Godard dos americanos. OK, o Brian de Palma também é. E quer saber? Sou mais dos americanos.
Assisti ao filme no cinema. Não sei se o impacto será reproduzido com fidelidade na telinha pequena. Tanto faz. Alugue o DVD. Especialmente se for Widescreen. Miami Vice não merece ser ignorado.
Marcadores: Antônio Xerxenesky


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