quinta-feira, 8 de março de 2007

Lábios de Sangue



O Jean Rollin é um dos cineastas europeus mais curiosos que conheço. Talvez seja o francês mais bizarro do mundo, por trilhar caminhos muito diferentes de seus conterrâneos. Pois bem, como o sujeito é um ilustre desconhecido pelo Brasil, um pequeno resumo do cara. Rollin é OBCECADO por vampiras lésbicas. É um tema que segue na grande maioria de suas obras, com pequenas exceções para o filosófico La Morte Vivant, sobre uma zumbi lésbica e o desastroso Zombie Lake, sobre mortos-vivos que saem do pântano atrás de garotas de topless.

O que faz a trajetória de Rollin interessante, para mim, é o seguinte: seus filmes são artísticos demais para a fan-base tradicional do cinema de horror. Sua direção é arrastada, a direção de arte tende ao surrealismo e o roteiro ao incoerente. Então, quem gosta dos filmes são umas bichinhas francesas? Tampouco. Críticos de cinema já implicam com o cinema de horror. Vampiras lésbicas? Estão fora. Nem assistem. O Jean Rollin caiu, então, em uma intersecção incômoda. Seus filmes autorais não tem quem assista. Para poder dirigir seus filmes de vampiras lésbicas, constante fracassos de bilheteria, Rollin teve que dirigir pornôs e softcores sob pseudônimos diversos. Ou seja, para realizar seus filmes artísticos, tem que fazer um projeto comercial de quando em quando.

O filme que decidi falar sobre, Lábios de Sangue (Lèvres de Sang, 1975) é sua obra mais pessoal e, ao mesmo tempo, sintetiza toda sua exploração do subgênero das vampiras lésbicas, muito popular entre os europeus. Para quem quiser mais sobre o incomum tema de vampiras lésbicas, visite o site da Revista de cinema Zingu que explica a origem do gênero e analisa três filmes importantes.

Agora uma palavrinha sobre o filme em si, que como vocês perceberam, não é o enfoque dessa minha crítica, mas que diabos, a regra é falar de um filme específico no blog.

É talvez a obra mais romântica de Rollin. Acompanhamos um homem que recorda-se de memórias enevoadas e confusas de uma infância sombria e uma mulher que o visitava ao ver uma foto de um castelo. O homem foge de sua realidade e penetra esse mundo onírico, buscando o castelo de sua infância, onde é perseguido por uma penca de vampiras seminuas. O absurdo da trama, a direção vagarosa e a fotografia colorida fazem do filme uma experiência sensorial única. O espectador pode detestar, dormir, mas duvido que outro filme lhe tenha passado a mesma sensação que este Lábios de Sangue. Bom, há não ser que ele já tenha assistido a outro filme do Rollin.

Recentemente lançaram uma edição limitada de colecionador do filme nos EUA com três (TRÊS!) DVDs. Nunca é tarde para recuperar um filme tão esdrúxulo quanto belo e poético. Ele representa, digamos, o lado sensível do exploitation, lembrando os melhores filmes do prolífico espanhol Jesus Franco. Se tiveres a oportunidade (e uma mente um tanto aberta), faça o download do filme (pois não vais encontrá-lo nas locadoras). Fica aqui a dica. AH, sendo bem prático: se tu, leitor, já assistiu E gostou do filme, aqui vai o link para um ensaio sobre ele. Muito interessante: http://www.kinoeye.org/02/07/sparks07.php

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3 Comentários:

Blogger Polese disse...

vampiras lésbicas semi nuas, eh por isso que o cinema europeu sempre surpreende :DDD

mas deixando a taradice de lado, esses filmes obscuros q nem nas prateleiras negras das locadoras eh encontrando, fica sempre fora do alcance da grandes massas manipuladas por hollywood na qual eu me enquadro. bem deixando a baboseira de lado, oq eu tentei dize (e n consegui) eh q eu jamais irei ver o filme de vampiras lésbicas semi nuas, pq n vai passa na tela quente... =(


no mais queria dize q fico tri afude o novo blog... =PPPP

12 de março de 2007 às 18:23  
Anonymous Anônimo disse...

Saudações...
Primeiramente,vou parabenizar "Jean Rollin" que para mim é um dos maiores cineastas que existem e Lábios de Sangue é uma das suas maiores obras,e infelizmente neste País não temos este conteúdo de filme,é por isso que não temos tanta audiência e ninguém perde seu precioso tempo para ver os filmes da televisão Brasileira...
E não vejo problema algum,em suas obras,porque as pessoas tem a velha mania de santidade e a verdade é que todos nós temos nosso lado obscuro,e não vejo mal em história de lésbicas vampiras,exitem coisas maiores para nos preocuparmos,infelizmente ainda existe o preconceito em todos os lugares...

18 de dezembro de 2007 às 14:11  
Anonymous Anônimo disse...

serra q eu consigo enconta o download de filme pois procuro a 3 anos
serra q vc poderia me ajuda

23 de outubro de 2008 às 09:44  

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