
Nota: como vi esse filme há muito tempo, a crítica será total – e não apenas parcialmente – subjetiva.
O Minutemen tem uma música que se chama “History Lesson, Part Two”, do álbum Double Nickels On The Dime (1984), que melhor expressa o efeito que a música tem sobre algumas pessoas num determinado momento de suas vidas. Ela narra como D. Boon e Mike Watt, vocalista e guitarrista e baixista respectivamente, viveram a música, ou sua “história musical”:
Our band could be your life, real names be proof
Me and Mike Watt, we played for years
Punk rock changed our lives
We learned punk rock in Hollywood, drove up from Pedro
We were fucking corndogs, we’d go drink and pogo
Mr. narrator, this is Bob Dylan to me
My story could be his songs, I’m his soldier child.
Apesar de falar de metal e não hardcore, de se passar agora e não nos anos 80, Tenacious D in “The Pick of Destiny” é, em última instância, sobre o poder da música sobre a vida das pessoas – premissa que gera filmes idiotas, mas que também faz outros ótimos, como é o caso. Jack Black parece ter um projeto de revitalizar o rock para as novas gerações – e eu que há muito desisti de ver nele (o rock) qualquer força real pareço gostar muito, e olha que é difícil gostar de metal. Se em Escola de Rock Black era o professor que introduzia seus mimados e certinhos alunos no potencial transgressor da música, aqui ele mesmo é esse garoto, mostrando a saga de um guri gordinho crescido numa família religiosa e interiorana sob o comando de um rígido pai (Meat Loaf), que recebe consolo de suas frustrações através de um Ronnie James Dio (\m/) emparedado num cartaz.
Corta. Venice Beach. JB encontra um guitarrista na rua – Kyle Gass – que se torna seu mentor nos segredos do rock ‘n’ roll, até que descobre que KG é apenas um guitarrista gordo e frustrado, sobrevivendo com a ajuda dos pais e ainda por cima careca – desde criança. Temos, então, os dois heróis da aventura, e o que se segue é a paródia de qualquer filme hollywoodiano: eles se separam, se unem, encontram a tentação das mulheres, enquanto seguem o objetivo maior de encontrar uma palheta utilizada por todos os maiores guitarristas da história e que na verdade é um pedaço de um dente do diabo arrancado por um mago medieval (a cena da explicação disso é hilária), até o cume do duelo entre Tenacious D (outra cena boa é a da formação do nome da banda) e o Diabo ele mesmo (David Grohl).
O filme triunfa porque é ridículo, nunca se leva a sério, Jack Black e Kyle Gass estão perfeitos, cada homenagem é um misto de admiração e sátira – há cogumelos, flexões penianas: todo o bestiário do mito roqueiro. O poder do rock, segundo JB, é o de fazer esquecer de tudo que é absurdo nele e em seus fãs e tornar-se, assim, essencial. É o de revelar uma força que é quase revolucionário – ou inconformista –, ainda que ilusória – e isso o filme aceita e glorifica.
Marcadores: Pedro Silveira
1 Comentários:
o melhor do filme são os drugues, heh.
pirs.
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